A inovação é uma prioridade para a maioria das ONGD Portuguesas. É o que mostram os resultados do estudo “Inovação e Mudança nas ONGD Portuguesas”, realizado pela Oficina Global, que por meio de um inquérito online obteve respostas de 46 ONGD no período de 9 a 26 de novembro de 2021.
O estudo, lançado na semana passada, está inserido no âmbito do projeto de mesmo nome, realizado em parceria com a Plataforma Portuguesa das ONGD e financiado pelo Camões, I.P.. No âmbito desse projeto foram ainda realizados dois webinários (o primeiro sobre “Inovação para o Desenvolvimento na Sociedade Civil Organizada” e o segundo para apresentação preliminar dos resultados do estudo) e uma formação de “Introdução à Inovação para o Desenvolvimento”.
No atual contexto de incerteza e transformação na Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID), a inovação tem-se tornado um imperativo para os diversos atores públicos e privados do setor, mas também é um conceito que apresenta uma diversidade de interpretações e por isso é importante identificar as perspetivas e práticas que os atores em análise têm sobre inovação.
O estudo centra-se na inovação no contexto da CID – inovação para o desenvolvimento – a partir das perspetivas das Organizações Não-governamentais de Desenvolvimento (ONGD) portuguesas. Desta forma, a análise é guiada pelas perguntas: o que significa inovação para as ONGD portuguesas? Que prioridade dão à inovação? Que obstáculos enfrentam? Que tipos de inovação desenvolvem e implementam? Que razões levam as ONGD portuguesas a querer (ou a não querer) inovar?
O inquérito online foi realizado para compreender a cultura, capacidade e estruturas de apoio à inovação existentes nas ONGD portuguesas e também identificar os obstáculos/constrangimentos à inovação nestas organizações. Os resultados do inquérito mostram que a inovação está muito presente na agenda, estratégias e prioridades das ONGD inquiridas, sendo uma prioridade “Alta” ou “Muito Alta” no âmbito do trabalho da grande maioria (88%). Ainda assim, não deixam de ser identificados obstáculos importantes à inovação, nomeadamente ao nível do financiamento e recursos humanos disponíveis, com 73% das ONGD inquiridas a afirmar não ter nenhum tipo de orçamento disponível para inovação.
O estudo também constatou que as ONGD que responderam ao inquérito mostram perspetivas amplas e multifacetadas na definição de inovação. No entanto, a inovação é vista principalmente como uma ferramenta para melhorar processos, aumentar a eficiência e o impacto do seu trabalho. Inovações potencialmente disruptivas capazes de levar à mudança sistémica são pouco frequentes nos exemplos identificados.
O estudo termina com um conjunto de reflexões e identifica caminhos possíveis para ajudar a construir um ecossistema mais propício à inovação para o desenvolvimento, em particular nas ONGD portuguesas. É importante que a inovação seja vista e abordada enquanto uma abordagem de construção de mudança social e sistémica, pelo que é fundamental apostar nas parcerias e no trabalho conjunto.
O tema da inovação tem sido abordado em outros projetos de investigação realizados pelo CEsA – Centro de Estudos sobre África e Desenvolvimento do ISEG. No âmbito do projeto Business4Dev, financiado pelo Camões, I.P. e pela Fundação Gulbenkian, é explorada a inovação no contexto da CID e como esta se diferencia da inovação em outros setores e também a importância das parcerias para a transformação, destacando o papel do setor privado na cooperação para o desenvolvimento e para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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O inquérito online às ONGD portuguesas realizado para este estudo está disponível no anexo.