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Nesta quarta edição da newsletter da Oficina Global temos a juventude em foco, para falar do papel dos jovens na mudança social bem como dos desafios por eles enfrentados. Hemma Tengler, investigadora da Oficina Global que coordenou o estudo sobre as perspetivas de desenvolvimento dos jovens na freguesia de Santa Clara em Lisboa, assina o editorial. Temos ainda uma entrevista com a organização Cartas com Ciência, destaques do blogue e várias dicas de livros, documentários e podcasts.

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Newsletter nº 4, Dezembro 2022

A Juventude em Foco

A juventude é uma categoria social bastante complexa, que vai muito para além de indivíduos de uma faixa etária que compartilham características uniformes ou percursos lineares de transição da infância para a idade adulta.

De forma a reconhecer a grande diversidade na vida dos jovens e a inexistência de uma “consciência geracional”, muitos sociólogos falam do conceito de juventude no plural, ou seja, juventudes. Consequentemente a influência dos jovens no desenvolvimento e na mudança social é diversa e tem que ser vista a partir de várias linhas de transições: a transição ao nível individual do desenvolvimento da personalidade, a transição da fase da formação para o mercado de trabalho, transições nas relações familiares e na pertença sociocultural. As transições vividas pelos jovens espelham ao mesmo tempo as aspirações individuais e as mudanças sociais, estruturais e tecnológicas da sociedade a que os jovens estão expostos.

Ilustração (com modificações): Fabián Ruiz for ArtistsForClimate.org/ CC-BY-NC-SA 4.0

Os jovens têm sonhos, aspirações e expectativas em relação ao futuro, ainda que vagos e não realistas, mas têm. Uma grande parte dos jovens tem estratégias de realização e pretendem investir na aquisição de competências para melhor enfrentar um mundo competitivo.

A questão que se coloca é se este potencial dos jovens é motriz da mudança e do desenvolvimento. Muitos jovens têm determinação em concretizar os seus planos e seguir novos caminhos apesar dos desafios, mas sentem-se impossibilitados de ultrapassar problemas estruturais tais como o desemprego juvenil, a precariedade, as oportunidades limitadas de estabilidade económica e de ascensão social.

Para conquistar o potencial que os jovens representam para o desenvolvimento local e nacional é preciso criar um ambiente propício para a sua participação e envolvimento político. Não se pode deixar a promoção dos jovens a associações locais e organizações da sociedade civil. Enquanto apenas 9% dos municípios em Portugal tiver um plano estratégico para a juventude e poucos conselhos municipais juvenis funcionarem, a participação política dos jovens vai continuar baixa. É preciso garantir uma representatividade dos jovens no espaço político. É preciso acabar com preconceitos sobre “os jovens”, promover talentos, criar oportunidades e valorizar a diversidade cultural.

Hemma Tengler,

Especialista em Desenvolvimento Comunitário Participativo, Investigadora e Formadora na Oficina Global

Fica a saber mais sobre a juventude no concelho de Lisboa: lê o estudo “Perspetivas do Desenvolvimento dos Jovens Residentes na Freguesia de Santa Clara em Lisboa, pós-pandemia Covid-19”, liderado pela Hemma Tengler, disponível aqui na sua versão completa e aqui na versão sumário executivo.

Novidades na Oficina

Três perguntas à…

A Cartas com Ciência trabalha para democratizar a ciência e o conhecimento. Como é que a descoberta da ciência transforma a vida dos jovens?

A Cartas com Ciência pretende criar conversas entre cientistas e estudantes nos países de língua oficial portuguesa para promover o acesso à ciência e a quem se pode tornar cientista. Acreditamos que a descoberta da ciência através da troca de cartas com cientistas contribui para mitigar barreiras e preconceitos associados ao ensino superior e a carreiras científicas, e acima de tudo cultivar um sentimento de que a ciência pode ser para eles se assim o desejarem. Além disso, estas conversas individuais e personalizadas por carta estimulam tanto crianças como cientistas a questionar, partilhar e refletir. Este caminho pode ser transformador no abrir de horizontes e nesta certeza de que a ciência é para todas as pessoas e contribui para um mundo socialmente mais justo.

A participação dos jovens na construção de uma sociedade mais justa e igualitária é fundamental. De que forma empoderar a juventude contribui para que os jovens tenham umas postura mais ativa na mudança social?

Empoderar a juventude nesta construção de uma sociedade mais justa e igualitária passa também por criar e dar espaço de expressão e decisão. Nas trocas de cartas fomentamos que as pessoas jovens inspirem cientistas ao partilharem os seus sonhos e vontades de mudança, e podem elas próprias inspirar-se também com as partilhas de cientistas em várias áreas para além da ciência. No fundo, criar e reforçar esta vontade de serem pessoas ativas na sociedade, seja através da ciência ou não, de acordo com os seus gostos, convicções e vontades.

Que balanço fazem dos primeiros dois anos de atividade do projeto?

O balanço é bastante positivo, foram dois anos em que centenas de cientistas, dezenas de escolas e de docentes, várias entidades e muitas pessoas voluntárias tornaram o projeto possível. Desde 2020, conseguimos organizar trocas de cartas entre mais de 450 pares de estudantes e cientistas, em quatro continentes diferentes. Através destes programas, a grande maioria de estudantes conheceu pela primeira vez uma pessoa a fazer ciência, e para mais de metade foi a primeira vez que escreveram ou receberam uma carta. As pessoas professoras envolvidas partilham connosco uma enorme satisfação e reações muito entusiásticas das crianças e jovens, especialmente no momento de abrirem as suas cartas. Também estamos muito contentes com o progresso que temos feito para avaliar o impacto da Cartas com Ciência, e através de parcerias com centros de investigação, temos neste momento duas pessoas a fazer doutoramento com foco total ou parcial no nosso trabalho.

Ilustração (com modificações): Tengwan Quek for ArtistsForClimate.org/ CC-BY-NC-SA 4.0

Em Destaque no Blogue

Pela revolução do encontro na América Latina

O cientista político Matías Bianchi afirma que a América Latina precisa de uma revolução e que o revolucionário hoje é o encontro. Essa constatação é feita diante do cenário atual na região, cujo legado da pandemia foi cruel. No pós-pandemia, a América Latina está mais pobre, mais desigual, mais violenta e menos democrática. O descontentamento com a política ainda se soma à polarização social intensificada pela era das fake news. Ler artigo.

O aumento do custo de vida levará a uma revolta popular em massa?

Por quanto tempo os bilionários continuarão acumulando riqueza enquanto os mais vulneráveis lutam por comida? Esse é um questionamento levantado pelo professor do Departamento de Estudos para a Paz e Relações Internacionais da Universidade de Bradford, Paul Rogers. Embora já há muito tempo se tenha tornado claro que o modelo económico global atual favorece uma pequena minoria, são poucas as indicações de um movimento mundial de revolta. Mas agora, os efeitos económicos da pandemia e da guerra na Ucrânia, combinados com o crescente impacto do colapso climático, sugerem que é apenas uma questão de tempo. Ler artigo.

Porque precisamos do feminismo para alcançar a justiça climática?

A emergência climática é uma questão de justiça social intrinsecamente relacionada com a desigualdade e as mulheres do Sul Global, que há muito combatem a desigualdade, têm as ferramentas para enfrentar essa crise. Barbara Van Paassen, apresentadora do podcast “People vs Inequality”, entrevistou seis das ativistas climáticas mais inspiradoras da atualidade, cujas histórias são ilustrações poderosas de liderança e princípios feministas. Ler artigo.

Avaliação e aprendizagem: ampliando perspetivas para a eficácia das ONGD

A avaliação tornou-se um imperativo nos projetos de cooperação para o desenvolvimento e cada vez mais as ONGD precisam atestar o impacto do seu trabalho. Mas até que ponto as avaliações estão de fato contribuindo para eficácia do desenvolvimento? Renata Assis, mestra em Desenvolvimento e Cooperação Internacional pelo ISEG e Assistente de Investigação na Oficina Global, compartilha reflexões sobre como integrar os processos de avaliação e aprendizagem. Ler artigo.

Jovens Ativistas

Conhecer a história de jovens ativistas empenhados na construção de um mundo mais justo, igualitário e sustentável é uma forma de inspirarmo-nos para contribuir para a transformação social. Nas redes sociais da Oficina encontras uma série de posts a destacar as ações para a mudança desses jovens e várias dicas de livros, músicas e discursos inspiradores.

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Dicas da Oficina

Reunimos dicas da nossa equipa com exemplos de jovens com papel ativo para construir a mudança em diferentes contextos e épocas.

Podcast | Les nouveaux Mandela

Nos dias de hoje são vários os jovens que se levantam para defender os direitos humanos. Esse podcast apresenta a história de ativistas que tentam, à sua própria escala, transformar o mundo, identificando-os como “Os novos Mandela” (em tradução livre). O conteúdo está disponível apenas em francês, mas é uma referência para conhecer nomes ativos na mudança.

Dica da Susana Réfega

Documentário | 12 de Outubro de 1972: O Dia em que Perdemos o Medo

As ações dos jovens também foram importantes para a história de Portugal. Este documentário, disponível na RTP Play, retrata o impacto do assassinato do estudante José Ribeiro Santos pela PIDE/DGS, durante uma reunião dentro do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (atual ISEG), na sua geração e na sociedade. No dia seguinte ao assassinato, a universidade explode em protestos e o seu funeral transforma-se numa manifestação generalizada de revolta.

Dica da Ana Luísa Silva

Minissérie | Daughters of Destiny

A história de cinco meninas de comunidades pobres da Índia é retratada neste documentário em formato de minissérie disponível na Netflix. Suas histórias são exemplos de como as perceções dos adultos sobre as crianças moldam a vida das crianças. A oportunidade de estudar em um colégio interno é um ponto de virada na história dessas meninas para romper com o ciclo de pobreza.

Dica da Renata Assis

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