EADI CEsA Lisbon ConferenceTransformação

Créditos da imagem: Reprodução EADI CEsA Lisbon Conference


No marco dos 50 anos das independências dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) é pertinente uma reflexão sobre as dinâmicas que levaram às independências desses países para então pensar as suas atuais dinâmicas de desenvolvimento. É possível falar em novos ritmos de desenvolvimento?  


A conferência EADI CEsA Lisbon 2023: Towards New Rhythms of Development, que aconteceu entre 10 e 13 de julho no ISEG, tinha como proposta trazer debates para olharmos para os atuais modelos de desenvolvimento e explorar novos caminhos, diante de um contexto de mudanças cada vez mais profundas nas relações globais, desigualdades e formas de exclusão. A plenária “Países de língua portuguesa no 50º aniversário da independência”, sob moderação da Psicóloga Social e Investigadora do CEsA/ISEG Iolanda Évora, reuniu oradores de três países africanos (Guiné Bissau, Angola e Cabo Verde) para a partir de seus contextos nacionais no período da independência e no presente refletir sobre os novos caminhos de desenvolvimento que se apresentam. 


O “bem viver” na Guiné Bissau 


Para Patrícia Gomes Godinho, Senior Programme Officer na CODESRIA, o “bem viver” permite imaginar novas formas de estar na vida, de viver as relações e o cotidiano e enxergar novos caminhos possíveis que colocam o bem-estar humano no centro. No contexto da Guiné Bissau, a primeira das ex-colônias de língua portuguesa a tornar-se independente, o “bem viver” apresenta-se como um novo caminho de libertação que traz uma visão pan-africanista e de solidariedade.  


O envolvimento com a comunidade em Angola 


Gabriela Cohen, Vice Presidente do Conselho Diretivo da ADRA uma Organização Não-governamental de Desenvolvimento (ONGD), relata a partir de sua experiência de trabalho voluntário na organização, que em Angola a inovação para criar novos ritmos de desenvolvimento passou pelo envolvimento da comunidade nos processos de mudança. O diálogo com as comunidades é fundamental para fortalecer a capacidade dos atores locais e também possibilitar que as narrativas dessas comunidades sejam levadas até os decisores políticos.


Desenvolvimento e emancipação em Cabo Verde 

Gabriel Fernandes, Reitor da Universidade de Santiago, afirma que a despeito da independência, Cabo Verde se viu em um estado de dependência em razão nomeadamente da incerteza quanto à capacidade de sustentabilidade do país. Nas decisões relacionadas à emancipação, fica evidente a subserviência à Portugal: aquando da independência, o desenvolvimento ficou em segundo plano, sendo a preocupação principal relacionada a viabilidade de construção de um país independente. O desafio de encontrar um caminho de desenvolvimento que tire a dependência externa ainda se faz presente.


Novos ritmos de desenvolvimento? 


As reflexões apresentadas durante a plenária abrem espaço para discussões interessantes. Os exemplos da Guiné Bissau, Angola e Cabo Verde mostram que essa é uma questão que permanece. Como criar novos ritmos de desenvolvimento? Esta resposta ainda está em construção, nesse processo de busca por encontrar novas formas de viver e transformar as realidades nacionais. 


A gravação da plenária está disponível na íntegra no canal da EADI no YouTube

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