Agenda 2030EducaçãoTransformação

Este artigo foi publicado originalmente pelo EADI Blog. Leia o artigo em inglês aqui. A tradução é da responsabilidade da Oficina Global.  



Para conduzir o desenvolvimento global a um caminho sustentável e resiliente, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Agenda 2030 demandam transformações amplas. Para tal, o uso e a geração de conhecimento têm um papel importante a desempenhar na definição da direção, forma e distribuição do desenvolvimento. É por isso que os sistemas de conhecimento formalizados, como universidades, institutos de pesquisa e educação, devem mudar a fim de melhor apoiar transformações em direção a sociedades mais sustentáveis. Quais tipos de mudanças são necessários nesses sistemas de conhecimento e como podem ser encorajados?


Essas questões foram exploradas pelos participantes da conferência Transformações 2017 e em pesquisas subsequentes. Isso incluiu identificar os desafios atuais, pensar sistemas futuros e as políticas e ações necessárias para a transição. Estas são resumidas na figura abaixo.


Desafios dos sistemas de conhecimento atuais 


Os sistemas atuais são limitados por frequentemente serem desconectados da ação, elitistas, fragmentados e compartimentados. Prevalece uma interpretação restrita do que conta como conhecimento, excluindo a integração com ética e estética. A produção de conhecimento também é baseada em uma visão de mundo de uma desconexão entre humanos e natureza. Pouco se questiona sobre como a criação de conhecimento é influenciada por e reproduz as sociedades insustentáveis nas quais os criadores de conhecimento estão inseridos.



De modo geral, os sistemas de conhecimento futuros precisam apoiar uma ciência para todos que vá além da produção de conhecimento sobre nosso mundo, para também gerar conhecimento sobre como agir nele.


O que desejamos para futuros sistemas de conhecimento 


Para ser uma força genuinamente criativa para a mudança, os sistemas de conhecimento precisarão ser muito mais colaborativos, abertos, diversos, igualitários, reflexivos, responsáveis e capazes de trabalhar com valores e questões sistêmicas. Eles precisariam ser capazes de trabalhar com questões interconectadas; serem muito mais orientados para a ação local e globalmente; inclusivos das diversas formas de conhecimento; e apoiados por processos que promovam confiança, colaboração e altos níveis de criatividade. De modo geral, os sistemas de conhecimento futuros precisam apoiar uma ciência para todos que vá além da produção de conhecimento sobre nosso mundo, para também gerar conhecimento sobre como agir nele.


Quais políticas e ações são necessárias para apoiar a transformação dos sistemas de conhecimento atuais para os futuros?


Foram identificados uma gama de políticas interconectadas e domínios de ação que ajudariam na transição para o futuro, para sistemas de conhecimento imaginados:

  • Conecte exemplos campeões e inovadores de produção de conhecimento transformadora para aumentar o impulso.
  • Inicie um engajamento social amplo na produção de conhecimento através da participação criativa e crítica da massa envolvendo diversos públicos para desafiar o conhecimento aceito.
  • Incorpore criatividade e agência na produção de conhecimento para informar a ação para transformação e apoiar aprendizes a se tornarem agentes de mudança.
  • Promova e democratize ativamente um conhecimento global comum para integrar diversas fontes de conhecimento e para torná-lo acessível de forma transparente e equitativa.
  • Crie e nutra espaços seguros para experimentar, aprender com e desenvolver capacidades para novas formas de produção de conhecimento colaborativa, apoiados por organizações que ultrapassam fronteiras e parcerias colaborativas.
  • Reestruture financiamentos e incentivos de acordo com as prioridades da comunidade, tais como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), e apoie pesquisas transdisciplinares e orientadas para a ação consistentes com essas necessidades.
  • Crie um novo contrato social de coprodução de conhecimento no qual agendas, decisões e ações sejam informadas pela colaboração democrática entre cidadãos, redes científicas transdisciplinares e formuladores de políticas.
  • Desenvolva sistemas de educação gratuitos, interculturais e holísticos e práticas para a aprendizagem ao longo da vida, os quais promovam, por exemplo, reflexividade crítica; perspectivas de conhecimento diversas; conexões mente-corpo-emoção, lugar, natureza, ciência-arte; e aprendizagem experiencial.
  • Crie sistemas complexos de instrução em todas as idades, permitindo que os aprendizes adquiram capacidades de pensamento sistêmico e compreendam as implicações da dinâmica de sistemas complexos para a prática.
  • Incentive maneiras de aprender a partir da ação que incluam agência e sabedoria, fazendo uso de ciclos de aprendizagem iterativos, combinando ação e reflexão.
  • Crie condições socioeconômicas para empoderar a participação de mil milhões/bilhões de pessoas atualmente excluídas nos sistemas de conhecimento. Reformas globais são necessárias para abolir estruturas de exploração e fornecer acesso justo a salário, emprego e educação.


Fazey et al. (2020)


No geral, os resultados levaram a um mapa de três horizontes de como as transições dos sistemas de padrões atuais (1º horizonte) para padrões imaginados mais viáveis (3º horizonte) podem ser estimulados, sendo os principais domínios de política e ação (2º horizonte) necessários para chegar lá (fonte: Fazey et al. 2020).


Conclusões


Os sistemas de conhecimento atuais não estão bem alinhados com o novo mundo no qual nos encontramos e não são suficientemente orientados para trabalhar com questões como mudanças climáticas, que representam ameaças existenciais para as pessoas e para muitas outras espécies no nosso planeta. O nível de mudança necessário nos sistemas de conhecimento para efetivamente apoiar as transformações sociais mais amplas não deve ser subestimado. Para superar suposições e padrões profundamente arraigados, essa mudança provavelmente precisa ser da magnitude observada durante a Idade do Iluminismo (1715-1789) e a revolução científica e tecnológica que acompanhou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


Embora isso possa soar assustador, já se sabe muito sobre o que precisa ser alcançado e como pode ser incentivado. Nesta conjuntura climática crítica e de extinção da sexta espécie planetária, precisamos mudar urgentemente em direção à geração de sabedoria para garantir a longevidade da vida humana e de outras espécies no nosso planeta.


O que você acha? Existem desafios importantes que perdemos? Você acrescentaria elementos adicionais aos sistemas de conhecimento futuros? Existem outras políticas e medidas de ação a serem tomadas para acelerar a transformação?




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